Hipertensão arterial já acomete cerca de 30% da população adulta no Brasil — [Em 10 anos, foram registradas 551.262 mortes]


The Health Strategist

institute for health strategy & digital health


Joaquim Cardoso MSc
Chief Strategy Officer (CSO), Researcher & Editor
May 3, 2023


ONE PAGE SUMMARY



A hipertensão arterial é considerada um grave problema de saúde pública que afeta cerca de 30% da população adulta no Brasil. 


  • Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, mais de 30 milhões de pessoas têm a doença no país, e os diagnósticos continuam em alta. 

  • A hipertensão arterial está incluída na categoria saúde e bem-estar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que pretende reduzir a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis até 2030. 

  • No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, fizemos um levantamento de dados sobre a doença no país e conversamos com o cardiologista Dr. Mauricio Wajngarten sobre o tema.

Os dados revelam que apenas 10% das pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial fazem o controle adequado da doença. 


A incidência de casos é maior entre as mulheres, e cada vez mais jovens têm apresentado alteração na pressão arterial. 


  • Em 10 anos, foram registradas 551.262 mortes por doenças hipertensivas no país. 

  • Embora o envelhecimento seja associado a um aumento da pressão arterial, nos últimos 10 anos houve uma queda nos registros em determinadas faixas etárias.

Por região, os estados com maior prevalência de diagnóstico de hipertensão arterial são Rio de Janeiro, Bahia e Ceará. 


Entre os fatores que contribuem para o aumento da doença estão a perda da “proteção hormonal” do sistema cardiovascular após o climatério e estilo de vida inadequado (sedentarismo, ganho de peso, tabagismo, estresse doméstico e no trabalho). 


  • É importante que haja conscientização sobre a hipertensão arterial, sua prevenção e tratamento adequado para reduzir a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis.

“Com a pandemia da covid-19, houve o desenvolvimento mundial de técnicas de telemedicina.

Apesar dos avanços, ainda há outros desafios 

  • “descobrir e validar biomarcadores digitais;
  • regulamentar a remuneração;
  • avaliar eficácia e danos potenciais;
  • aprimorar a educação digital entre os pacientes e prevenir desigualdades em saúde;
  • facilitar a integração de soluções digitais sustentáveis de larga escala;
  • definir prioridades em diversas sociedades e culturas”.






DEEP DIVE







Hipertensão arterial já acomete cerca de 30% da população adulta no Brasil


Medscape
Fernanda Filomeno

26 de abril de 2023


Considerada um grave problema de saúde pública, estima-se que a hipertensão arterial acometa mais de 1 bilhão de adultos entre 30 e 79 anos no mundo. 


No Brasil, dados recentes do Ministério da Saúde mostram que, em 2021, 26,3% da população ( i.e. mais de 30 milhões de pessoas) tinham a doença, e registram tendência de aumento dos diagnósticos. Parte do grupo de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), a hipertensão arterial está incluída na categoria saúde e bem-estar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), que pretende, “até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar”.


No dia 26 de abril comemora-se o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, em razão da data e buscando contribuir para a conscientização acerca do problema, fizemos um levantamento de dados sobre a doença no país e conversamos com o cardiologista e advisor do Medscape em português, Dr. Mauricio Wajngarten, sobre o tema.


Uma em cada cinco pessoas é acometida pela doença no Brasil. 


Segundo o Ministério da Saúde, entre as mais de 30 milhões de pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial, apenas 10% fazem o controle adequado da doença. 

E, apesar de a hipertensão arterial atingir tanto homens como mulheres, os dados revelam que a incidência de casos é maior entre as mulheres. 

Os dados foram levantados pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), que analisou os indicadores das últimas 16 edições da pesquisa de saúde do Brasil Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônicos (Vigitel).


Em faixas etárias mais jovens, a pressão arterial é mais elevada entre homens, mas a elevação pressórica por década se apresenta maior nas mulheres. 

De fato, a frequência de hipertensão arterial aumenta com a idade, alcançando 61,5% e 68,0% na faixa etária de 65 anos ou mais, em homens e mulheres, respectivamente. 

Entre os fatores provavelmente mais envolvidos nesse cenário podem ser citados a perda da ‘proteção hormonal’ do sistema cardiovascular após o climatério e estilo de vida inadequado (sedentarismo, ganho de peso, tabagismo, estresse doméstico e no trabalho)”, explicou o Dr. Mauricio.


Além disso, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), em 10 anos (entre 2010 e 2020), foram registradas 551.262 mortes por doenças hipertensivas, sendo 292.339 em mulheres e 258.871 em homens. 

Outro dado relevante aponta que cada vez mais jovens têm apresentado alteração na pressão arterial. 

Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de hipertensos entre crianças e adolescentes varia de 3 a 15%.


De acordo com o Dr. Mauricio, mesmo que os números de referência possam variar de acordo com “a metodologia e a casuística utilizadas”, eles revelam uma tendência de alta de uma doença que tem “determinantes genéticos, ambientais (estilo de vida) e sociais (acesso à saúde, educação, informação) combinados”.


É sabido que o “envelhecimento se associa a um aumento da pressão arterial sistólica, resultante do enrijecimento progressivo e da perda de complacência das grandes artérias

Em torno de 65% dos indivíduos acima dos 60 anos apresentam hipertensão arterial; assim, com o envelhecimento populacional que o Brasil vem sofrendo, espera-se um incremento substancial da prevalência de hipertensão arterial e de suas complicações”, comentou o Dr Mauricio. 

Mas, embora o envelhecimento seja associado a um aumento da pressão arterial, nos últimos 10 anos o Brasil parece não ter seguido essa tendência, já que, segundo o relatório Vigitel, houve uma queda nos registros em determinadas faixas etárias, com a maior redução observada entre adultos de 45 a 64 anos

Para aqueles entre 45 e 54 anos, os números saíram de 32,3% em 2006 para 30,9% em 2021, enquanto para aqueles entre 55 e 64 anos, houve uma variação de 49,7% em 2006 para 49,4% em 2021.


Por região, os estados com maior prevalência de diagnóstico de hipertensão arterial são Rio de Janeiro (28,1%), Minas Gerais (27,7%) e Rio Grande do Sul (26,6%). 

Já os estados com menor prevalência da doença são Pará (15,3%), Roraima (15,7%) e Amazonas (16%). 

Em termos de mortalidade (dados de 2020), os estados com as maiores taxas são Piauí (45,7 óbitos/100 mil habitantes), Rio de Janeiro (44,6 óbitos/100 mil habitantes) e Alagoas (38,8 óbitos/100 mil habitantes).



Covid-19 e hipertensão arterial


Diversos estudos indicam uma ligação entre a infecção pelo SARS-CoV-2 e a hipertensão arterial, que inclusive aumenta as taxas de gravidade e mortalidade por covid-19. 

“No fim de 2021 e início de 2022, percebeu-se que pessoas que tiveram covid-19 confirmada, começaram a apresentar pressão alta. 

Estudos recentes mostram que a covid-19 facilita o desenvolvimento de hipertensão e de outras doenças crônicas, como, por exemplo, diabetes. 

Contribuem para isso menor acesso à saúde, estresse, pior alimentação, maior consumo de sal, inclusive de conservas, maior sedentarismo, aumento do consumo de álcool, aumento do peso”, afirmou o Dr. Mauricio.


No entanto, foi também a pandemia de covid-19 que provocou mudanças positivas na forma de monitoramento e no avanço da telemedicina, que, no caso da hipertensão, se traduziu em novidades consideradas benéficas para a prevenção e o controle da doença. 

“Com a pandemia da covid-19, houve o desenvolvimento mundial de técnicas de telemedicina. 

Aparentemente, o monitoramento a distância por meio de plataformas digitais e aplicativos para hipertensos surgiu para ficar, facilitando o diálogo entre a equipe de saúde e o paciente e a consequente troca de informações. 

No entanto, a tecnologia digital pode expandir ainda mais no âmbito da hipertensão, com o desenvolvimento cada vez mais preciso de ferramentas de monitorização contínua da pressão arterial, sem cuffs, e em sincronia com smartphones, hoje disponíveis para a maioria da população mundial”, disse o Dr. Mauricio.


Apesar dos avanços, segundo o cardiologista, ainda há outros desafios: 

  • “descobrir e validar biomarcadores digitais; 
  • regulamentar a remuneração; 
  • avaliar eficácia e danos potenciais; 
  • aprimorar a educação digital entre os pacientes e prevenir desigualdades em saúde; 
  • facilitar a integração de soluções digitais sustentáveis de larga escala; 
  • definir prioridades em diversas sociedades e culturas”.


(Novas) estratégias de prevenção


Para o Dr. Mauricio, atualmente, as melhores estratégias de prevenção da hipertensão arterial são pautadas na simplicidade e eficiência do trabalho em equipe, a fim de “melhorar o diagnóstico, aprimorar o tratamento e o monitoramento da adesão às orientações para controle dos fatores de risco e uso dos medicamentos”.


De acordo com o cardiologista, a conduta clínica deve se apoiar em três estratégias, as motivacionais, ligadas aos pacientes — como “ aferir a pressão arterial em casa, tele monitoramento, promover autocuidado, apoio familiar e social”; as farmacológicas — “optar por medicamentos com perfil e doses adequadas, com comodidade posológica”; e as desenvolvidas para equipes e sistemas de saúde — “fixar equipe de atendimento, comunicação clara, atuação de equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro, farmacêutico, educador físico, nutricionista, psicólogo, assistente social, agentes comunitários de saúde), facilitar acesso aos medicamentos”, salientou.


Sabe-se que a hipertensão arterial está associada tanto a fatores de risco modificáveis como não modificáveis. 


No que diz respeito ao segundo grupo, o Dr. Mauricio esclareceu que existem alternativas para atenuar os efeitos causadores, como predisposição genética e envelhecimento. 

“Pode ser que futuramente tenhamos como objetivo o controle dos parâmetros circulatórios periféricos e centrais da pressão arterial (rigidez arterial, por exemplo), desde que se comprove eficiência dessa estratégia. 

Quanto à prevenção, há a possibilidade do uso de ferramentas moleculares altamente específicas. A possível eficácia da terapia gênica tem sido comprovada por estudos experimentais, em que o gene-alvo codifica o angiotensinogênio hepático”.


Originally published at https://portugues.medscape.com.


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