Alguns projetos estratégicos na Saúde Pública do estado de SP – entrevista com Dr. Eleuses Paiva @ JP – [da redução das filas de espera à regionalização da saúde, e as TeleUTIs)

Jennifer Koppe & Joaquim Cardoso

the health strategist
institute for strategic health transformation
& digital health

Joaquim Cardoso MSc.


Chief Research and Strategy Officer (CRSO),
Chief Editor and Senior Advisor

September 19, 2023

Este artigo é uma edição da entrevista concedida pelo Dr. Eleuses Paiva – Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, ao programa Pânico, da Jovem Pan.

Para fins de clareza,  editamos as perguntas e respostas em um formato descritivo, destacando os principais pontos.

Este artigo não pretende ser uma cobertura exaustiva das iniciativas de Saúde do Estado, mas apenas um apanhado com base na entrevista mencionada.

Eleuses Paiva é secretário de Saúde desde janeiro de 2023. Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIt), é especialista em Medicina Nuclear pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O secretário aborda os desafios críticos enfrentados na saúde pública, com ênfase na pandemia de COVID-19, destacando a importância da vacinação, do sistema de saúde preparado e das medidas de prevenção para enfrentar a pandemia.

Ele também fala sobre os avanços e melhorias significativas alcançadas na saúde em São Paulo, além de discutir a expansão da capacidade de atendimento, a eficiência na gestão de recursos e o compromisso com a transparência, destacando que o estado está progredindo, embora os desafios ainda persistam.

A complexidade dos desafios na saúde pública e a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e integrada também foi tópico da entrevista.

O secretário fala sobre a abrangência da ampliação da oferta de serviços de saúde, o uso da tecnologia, a gestão baseada em metas de desempenho, a criação de uma agência de vigilância sanitária voltada para o futuro e a abordagem abrangente para lidar com a situação da Cracolândia.

A ideia é melhorar continuamente os serviços de saúde e atender às necessidades individuais da população.

Imagem de mrsiraphol no Freepik

Confira a seguir os principais tópicos da entrevista cedida à Rádio Jovem Pan:

1. Problemas estruturais e agudos na gestão da Saúde

O Dr. Eleuses Paiva, na primeira parte da entrevista, aborda os problemas estruturais do sistema de saúde em São Paulo.

Destaca que 20% dos leitos do estado estavam fechados, causando enormes filas de espera. Para abordar a situação, implementaram mudanças agudas na gestão, visando atender rapidamente casos críticos, evitando mortes em filas.

2. Filas de espera e Expansão dos serviços de Oncologia + Regionalização da Saúde

O Dr. Paiva menciona a chocante fila de espera de oncologia, com pacientes aguardando até oito meses para iniciar o tratamento. Eles estabeleceram a meta de não deixar nenhum paciente esperando mais de sessenta dias em um prazo de cem dias.

Para isso, ampliaram os serviços de Unidades de Oncologia (UNACON) e Centros de Oncologia (CACON), contando com o apoio financeiro do Governador do Estado.

Além da oncologia, havia filas críticas na área de cardiologia, incluindo cirurgias cardíacas. O Dr. Paiva destaca a importância de entender a gestão das filas, considerando que os municípios e hospitais também têm suas próprias filas. Isso levou à necessidade de uma abordagem regionalizada para garantir que os pacientes sejam atendidos de maneira eficiente.

Para resolver as disparidades no sistema de saúde, o Dr. Paiva explica a proposta de regionalização da assistência à saúde em São Paulo. Eles trabalham em conjunto com a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) para dividir o estado em regiões de assistência à saúde (RAS).

A ideia é que os municípios colaborem e ampliem a oferta de serviços para atender as necessidades da região, eliminando filas múltiplas e oferecendo transparência e previsibilidade aos pacientes.

3. Fila de espera de transplantes

O Dr. Paiva esclarece a questão da fila de transplantes, destacando que ela é pública e totalmente transparente. Ele explica o caso do Faustão, onde a ordem na fila foi respeitada estritamente, com o apresentador recebendo um órgão porque estava em segundo lugar na fila e havia um doador adequado. A discussão sobre o caso enfatiza a importância da doação de órgãos, que aumentou 30% em São Paulo desde então.

A entrevista aborda a relevância da doação de órgãos e as necessidades urgentes de melhorar a gestão e a regionalização do sistema de saúde no Estado de São Paulo para garantir um atendimento mais eficiente e igualitário aos pacientes.

Em relação a doação de órgãos, Pedro de Lara de Taipas menciona que 40% das famílias abordadas se recusam a doar órgãos, ressaltando que a única burocracia é a pessoa manifestar essa vontade em vida. O Dr. Eleuses Paiva concorda que a falta de informação é um problema e acredita que a fila de espera poderia ser reduzida significativamente se mais pessoas optassem pela doação.

4. Gestão baseada em dados e desafios da regionalização + Complemento a tabela do SUS

Samy Dana traz a questão da gestão de dados na saúde, apontando que sistemas de saúde pública e privada não compartilham informações eficazmente, levando à ineficiência e custos elevados.

O Dr. Eleuses Paiva concorda que a gestão é deficitária e menciona o projeto de regionalização em andamento em São Paulo, visando otimizar a distribuição de recursos e serviços de saúde.

Discute-se a situação financeira dos hospitais públicos, destacando que a tabela do SUS não foi reajustada há 20 anos, levando muitos hospitais à falência. O Dr. Eleuses Paiva menciona a proposta do Governador Tarcísio de criar uma tabela SUS Paulista para remunerar adequadamente os hospitais e incentivar um melhor atendimento.

5. Saúde digital e telemedicina (TeleUTI)

Samy Dana questiona por que não há um aplicativo de saúde que direcione as pessoas para os serviços apropriados de acordo com seus sintomas, visando economizar custos e melhorar o uso do sistema de saúde público.

O Dr. Eleuses Paiva destaca a importância da Saúde Digital e menciona um projeto de Tele UTI que demonstrou resultados positivos em termos de redução de tempo de permanência e mortalidade nas UTIs. Ele enfatiza que a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para aprimorar a gestão e a eficiência do sistema de saúde.

A discussão destaca a necessidade de melhorias na gestão, investimento em tecnologia e aumento da conscientização sobre a doação de órgãos para aprimorar o sistema de saúde público no Brasil, que, apesar de seus desafios, é considerado de qualidade pelos entrevistados.

6. Aumento da oferta de serviços de Saúde

O principal desafio discutido foi o aumento da oferta de serviços de saúde à população. O Dr. Eleuses Paiva enfatizou que essa é uma prioridade em São Paulo, e para alcançá-la, é necessário empregar tecnologia, investir recursos financeiros adequados e garantir a remuneração adequada dos profissionais de saúde, além de assegurar a cobrança eficiente pelos serviços prestados.

A gestão na área da saúde em São Paulo está sendo aprimorada com a implementação de metas de desempenho e um foco em transparência. Diversas secretarias, incluindo saúde, segurança pública, educação, habitação, assistência social e desenvolvimento social, estão trabalhando de forma integrada para abordar questões complexas, como a situação da Cracolândia.

7. Agência de Vigilância Sanitária para o Futuro

Uma parte relevante da conversa envolveu a criação de uma agência de vigilância sanitária mais robusta e preparada para enfrentar desafios futuros.

A ideia é estabelecer uma agência que possa rastrear dados na rede de saúde e manter conexões com órgãos internacionais para reagir rapidamente a crises de saúde. Parcerias estratégicas, como a colaboração com o Instituto Butantan, estão sendo fundamentais nesse processo.

8. Ações na Cracolândia

Quanto à situação da Cracolândia, o Dr. Eleuses Paiva enfatizou que esse é um problema multifacetado que requer uma abordagem interdisciplinar. Além de saúde e segurança pública, habitação, educação, assistência social e desenvolvimento social estão envolvidos.

A ênfase está em entender as causas e atender às necessidades individuais das pessoas afetadas. A internação compulsória é aplicada somente em casos de risco à sociedade, enquanto aqueles que buscam tratamento voluntariamente são encaminhados para serviços adequados.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Related Posts

Subscribe

PortugueseSpanishEnglish
Total
0
Share