Eric J. Rubin, MD, Ph.D.
Editor-chefe, New England Journal of Medicine
Dezembro de 2023
Caro leitor, Em dezembro, quando as nossas atenções se voltam para o novo ano que se aproxima, considero sempre interessante refletir sobre os estudos que publicámos no ano passado e avaliar a sua contribuição para a prática da medicina em constante evolução.
Embora os últimos anos tenham sido dominados pelas notícias da Covid-19, este ano a nossa coleção de Artigos Notáveis centra-se em novas abordagens para diversas doenças.
Eu destaquei várias novas intervenções, incluindo
- avanços na oncologia, como células CAR-T “universais” que foram submetidas a edição genética para permitir que sejam usadas imediatamente, sem ter que ser derivadas exclusivamente para cada hospedeiro, uma abordagem que poderia levar a terapia a uma gama muito mais ampla de pacientes.
- Novos alvos antitumorais , como o KRAS contendo a mutação G12C, estão agora acessíveis com inibidores, e estamos vendo a primeira evidência de que esta classe de agentes é ativa em uma variedade de tumores em combinação com outras estratégias antitumorais.
- Novos alvos também estão surgindo em doenças renais , incluindo a aldosterona sintase, que pode ser inibida para tratar eficazmente a hipertensão, e a APOL1, cujas variantes estão associadas à proteinúria.
- Além disso, os medicamentos existentes, como o inibidor do transportador de sódio-glicose 2 (SGLT2), empagliflozina, podem reduzir a progressão da doença e as doenças cardiovasculares em pacientes com doença renal crônica.
- E publicamos mais em uma série de estudos que examinam os efeitos dos anticorpos que se ligam à proteína Ab e à amiloide transparente. Alguns, como um estudo com lecanemab, demonstraram efeitos positivos, embora pequenos, na doença de Alzheimer precoce.
- Também vimos novas aplicações para outros agentes. Dupilumab, um anticorpo que bloqueia a inflamação tipo 2, reduz o número de exacerbações e melhora a qualidade de vida dos pacientes com DPOC que apresentam contagens elevadas de eosinófilos. Os agonistas do GLP-1, desenvolvidos para tratar o diabetes, também reduzem a obesidade e melhoram a insuficiência cardíaca em indivíduos obesos.
- E vimos o primeiro medicamento, a retatrutida, que não atua apenas no GLP-1, mas também em dois outros receptores , o polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e o receptor de glucagon. O tratamento com retatrutida resulta em perda dramática de peso em indivíduos obesos e com sobrepeso.
- A cetamina, um anestésico dissociativo, provou não ser inferior à terapia eletroconvulsiva na depressão resistente ao tratamento . Minha lista deste ano contém dois ensaios importantes em doenças infecciosas.
- Utilizando uma nova estratégia de tratamento, os investigadores descobriram que a maioria dos pacientes com tuberculose sensível a antibióticos poderia ser curada em apenas dois meses, uma redução substancial do regime padrão de seis meses.
- Este foi também o ano em que a primeira vacina bem-sucedida contra o vírus sincicial respiratório demonstrou ser ativa, tanto em idosos (em estudos não incluídos na lista) como na gravidez.
Quando as mulheres grávidas são vacinadas, os seus filhos ficam protegidos pelos anticorpos maternos.
Em nome da equipe editorial, esperamos que você goste de ler esta coleção de estudos que acreditamos se destacarem entre os mais notáveis e impactantes do ano na medicina clínica.
Enquanto aguardamos ansiosamente o novo ano, nós do Journal continuamos comprometidos em publicar apenas os estudos mais valiosos e revisados por pares – estudos nos quais você pode confiar para informar e orientar o cuidado que você presta aos seus pacientes.
Sinceramente,
Eric J. Rubin, MD, Ph.D. Editor-chefe, New England Journal of Medicine
