Vida longa à vista (Impacto da pandemia na saúde dos olhos)

Veja Saúde
Por Chloé Pinheiro
16 jul 2021, 14h11

Se você olhasse pela janela de casa nos próximos 15 minutos, piscaria em torno de 225 vezes. A cada batida de pálpebras, uma gota de lágrima daria aquela hidratada providencial no globo ocular.

Mas, se ficar o mesmo tempo na frente de um computador, o número de piscadas cai para 45, em média. É o que acontece na maior parte do dia, quando nos concentramos no celular, no notebook ou no papel mesmo, por lazer ou trabalho.

O efeito mais notável disso é uma secura danada, além da sensação de areia nos olhos no fim da tarde, coceira, vermelhidão, vista embaçada e dor de cabeça.

Trata-se de uma chateação temporária, que não parece trazer danos no longo prazo para a visão dos adultos, mas incomoda bastante e nos faz ponderar sobre outros efeitos do excesso das telinhas.

Já para as crianças o perigo é maior, pois o tempo vidrado num objeto próximo pode desencadear ou agravar a miopia, como estudos já mostram, elevando inclusive o risco de doenças mais sérias, como o glaucoma, lá no futuro.

Acontece que o democrático cansaço visual é só a ponta do iceberg dos problemas oftalmológicos — e, sem dúvida, um bom pretexto para lançar luz sobre a saúde ocular do brasileiro. Afinal, nem todo mal se resolve com algumas piscadas. “O controle de muitas das doenças ligadas ao envelhecimento, como a catarata e a degeneração macular, foi prejudicado pela pandemia”, afirma o oftalmologista Rubens Belfort Jr., presidente do Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Com meio século de trabalho na área, ele destaca que a situação do país já era ruim antes de a Covid-19 chegar. “No Brasil, faltam recursos para pesquisas e sobra lobby motivado por interesses comerciais. O resultado é uma piora na assistência oftalmológica não só na saúde pública mas também nos convênios”, diz o professor, que, por outro lado, vê inovações importantes deslanchando aqui para prevenir a deficiência visual e estancar os gargalos do acesso. Para fazer valer as piscadas que você está prestes a deixar de dar, é hora de vislumbrar os desafios, os avanços e os cuidados para o dia a dia.

– Ilustrações: Marcus Penna (3D) e Letícia Raposo (ícones)/SAÚDE é Vital

O novo normal escancarou um comportamento que passou a assombrar nossos olhos: a chamada síndrome da visão de computador. Ainda não há pesquisas confiáveis para avaliar sua prevalência exata e a decolagem após a pandemia, mas o fato é que ficar grudado numa tela cobra seu preço. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), até 90% das pessoas que passam mais de três horas por dia encarando dispositivos eletrônicos têm sintomas de fadiga visual. Fora o já citado ressecamento pela falta de piscadas, a musculatura do globo ocular também é pressionada.

Para distinguir objetos próximos, um músculo se contrai e altera a forma do cristalino, espécie de geleia transparente por onde a luz passa até chegar ao fundo do olho. É esse movimento que ajusta o foco. Ao mirar longe, a musculatura relaxa. “No dia a dia, o reflexo de contração acontece o tempo inteiro, mas pode levar a algum cansaço”, nota o oftalmologista Mauro Campos, do Grupo H. Olhos, em São Paulo. Imagine passar cinco horas na academia flexionando o mesmo bíceps. É mais ou menos isso. “O uso das telas pode fazer com que as fibras musculares entrem em um estado de espasmo prolongado, aumentando o tempo para ajustar o foco em diferentes distâncias”, descreve a oftalmologista Alessia Braz, parceira da Zeiss, fabricante de produtos oftalmológicos.

A multinacional é uma das empresas que criaram soluções para atender a essa imensa demanda, como lentes pensadas para o momento frente ao computador — elas contam com uma zona de acomodação para que o olho faça menos esforço ao focar a tela. “A ideia é permitir o relaxamento ocular e oferecer mais conforto”, diz Marcelo Frias, diretor de Marketing da companhia. “Se você trabalha horas online, óculos especiais também podem reduzir o cansaço pelo ajuste do foco à distância intermediária, onde a tela se encontra”, conta a médica Purnima Patel, da Associação Americana de Oftalmologia.

A oftalmologista ressalta que só são comprovadamente eficientes nesses casos lentes e óculos que ajudam com o foco. “Não recomendamos filtros para luz azul porque não há evidências de que esse tipo de luminosidade, emitida pelos dispositivos e principalmente pelo Sol, seja danoso aos olhos”, argumenta Purnima. A posição é endossada pelas entidades brasileiras. O próprio cansaço está mais ligado ao nosso comportamento do que ao comprimento da onda de luz que sai da tela. “Existe muita desinformação em relação a isso. O efeito não é tão relevante quanto se propaga por aí”, avalia Campos. Não é que o brilho da tela seja isento de efeitos deletérios: o problema, porém, não diz respeito à vista, mas ao relógio biológico e ao sono.

Só que de nada adianta comprar lentes e óculos especiais se o objetivo for botar os globos oculares para trabalhar sem pausa. Além dos intervalos, algumas outras medidas são bem-vindas, como o uso de lágrimas artificiais, que minimizam o ressecamento. Só fique esperto com o abuso desse expediente. “Ter de utilizar mais de quatro vezes por dia pode indicar que há algum problema escondido, que exija novos óculos ou o ajuste das lentes atuais”, avisa Campos. Ocorre que muita gente, por se fiar no “grau baixo”, deixa de investir no acessório. “Mesmo se a pessoa tem 0,25 de astigmatismo ou algo do tipo, corrigir o erro pode aliviar problemas como dores de cabeça no final do dia”, diz o oftalmologista Minoru Fuji, do Hospital Cema, na capital paulista.

Mais uma condição que financia incômodos é a síndrome do olho seco, quando há alterações na composição ou na produção das lágrimas. Entre outros fatores, poluição, variações hormonais da menopausa e certos medicamentos interferem na lubrificação natural. Daí é o caso de investigar e atacar essas outras causas, quando possível. “O próprio estresse da vida moderna pode intensificar o ressecamento”, comenta Alessia.

Impactos no longo prazo?

Com respiros e ajustes na rotina, é difícil que o uso das telas ocasione doenças ameaçadoras ou piore quadros já existentes. A exceção fica para aquelas coçadinhas, quase automáticas quando os olhos estão secos. “O hábito pode alterar o formato da córnea e elevar o risco de ceratocone, doença que degenera essa estrutura”, alerta Alessia. E o descolamento de retina é outro perigo que espreita quando se cutucam os olhos. Agora, se para os adultos a vida dependente dos dispositivos eletrônicos aparenta ser mais inofensiva à visão — a despeito de tantos incômodos — , para as crianças a história é outra.

A miopia, dificuldade para enxergar à distância, é um dos problemas oftalmológicos mais prevalentes no país. Hoje, até 75 milhões de brasileiros podem ser míopes, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2050, metade da população do planeta será acometida pela condição. Tudo começa na infância, com o crescimento anormal do olho, que fica mais alongado. A condição costuma progredir até por volta dos 21 anos de idade, mas há ainda a alta miopia, que segue se agravando depois disso. Além da questão genética, o principal fator de risco para a miopia é a falta de exposição à luz solar. “A luminosidade natural estimula a liberação de substâncias benéficas, que diminuem esse crescimento”, explica Alessia.

Uma hipótese, ainda em discussão, diz que o foco excessivo em objetos próximos é especialmente prejudicial aos pequenos. Ou seja, os hábitos da vida urbana e a exposição aos dispositivos eletrônicos seriam uma combinação perfeita para a miopia. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) pede que, antes dos 2 anos de idade, tablets e companhia não sejam ofertados aos pequenos, uma recomendação pouco seguida pelas famílias, convenhamos.

É de imaginar que a pandemia piorou o problema. Ora, nos últimos 15 meses, os mais novos passaram os dias grudados neles não só para se divertir, mas para estudar. “O problema maior, nesse caso, é a falta de luz e de estímulos visuais diversos. E parece que a carência de vitamina D, obtida pelo sol, também está relacionada ao crescimento do olho”, conta a oftalmopediatra Pérola Iankilevik, chefe do Setor de Oftalmologia do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba.

Um estudo publicado no periódico JAMA Ophtalmology analisou 195 mil exames realizados em mais de 120 mil crianças chinesas entre 2015 e 2020 e concluiu que o confinamento antecipou o diagnóstico de miopia. Enquanto a prevalência na faixa etária dos 9 aos 13 anos permaneceu a mesma, entre as mais novas a condição explodiu. Houve um crescimento de 400% nos casos aos 6 anos e de 200% aos 7. Isso preocupa os médicos porque, quanto mais cedo ela aparece, mais tempo tem para progredir.

E os graus altos de miopia aumentam o risco de males como catarata, glaucoma e descolamento de retina lá adiante. O Brasil não enfrenta uma epidemia do problema nos níveis asiáticos, mas também vive sua tendência de alta. “Nesse ano e meio, estamos recebendo muitos pais com queixas de piora da visão dos filhos, e, antes disso, os diagnósticos já estavam acontecendo antes do padrão, com quadros mais severos”, diz Pérola.

Passar mais tempo sob a luz natural é uma das melhores táticas para tentar frear o tal do alongamento do olho. Mas a ciência já está dando uma mão: acaba de chegar ao mercado brasileiro a primeira lente de contato que busca tratar, e não apenas compensar, a perda visual. Trata-se da MiSight 1 Day, da CooperVision. “Temos estudos de acompanhamento de até seis anos das crianças que fazem uso, e eles revelam diminuição de 59% na velocidade de progressão da miopia”, relata Gerson Cespi, diretor-geral da empresa no país.

A inovação é vista com bons olhos pelos especialistas, mas exige adaptações e cuidados na rotina. Para obter os benefícios, segundo as pesquisas, é necessário usar as lentes dez horas ao dia, no mínimo, durante seis dias por semana. E tem limite de idade para iniciar o tratamento: antes dos 12 anos, para se antecipar justamente ao crescimento anormal do globo ocular. A indicação deve vir de um oftalmologista treinado, que vai acompanhar cada passo e dar as devidas instruções. Por fim, as lentes não eximem os pais e as crianças de adotarem as outras medidas bem-vindas à vista.

– Ilustrações: Marcus Penna (3D) e Letícia Raposo (ícones)/SAÚDE é Vital

Os erros refrativos, que afetam a maneira como a luz se distribui no globo ocular para formar a imagem, são os problemas oftalmológicos mais comuns no mundo. Além da miopia, entram na lista hipermetropia, presbiopia e astigmatismo. Todos corrigíveis com óculos, lentes de contato ou cirurgias, que já são bem eficazes e seguras, mas tendem a ficar mais modernas e individualizadas nos próximos anos. “A ideia é usar os lasers atuais, mas com um planejamento feito sob medida para cada olho”, prevê o médico Wallace Chamon, da Comissão Científica do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

Antes de recorrer a qualquer solução do presente e do futuro, porém, é preciso flagrar os tais erros. Só que muita gente não vai atrás do diagnóstico, por falta de condições financeiras ou informação mesmo. E as consequências podem ser nebulosas. A Agência Internacional de Prevenção da Cegueira estima que 5% da população tenha perda visual de moderada a total devido a erros refrativos não corrigidos. Então vamos olhar dois deles mais de perto. Primeiro, o astigmatismo, que faz com que os raios de luz se espalhem para pontos difusos, o que tira a resolução da imagem. Mais ou menos a diferença entre fotos antigas e recentes.

“Talvez ele seja o mais menosprezado dos erros, porque a pessoa não percebe que não está enxergando bem”, destaca a oftalmologista Débora Espada Sivuchin, gerente de Educação Médica Continuada da Johnson & Johnson Vision. Quando não corrigido, o astigmatismo atrapalha a velocidade de leitura, provoca cansaço visual e pode prejudicar a capacidade de dirigir.

Atenta a essa necessidade, a Acuvue, marca da J&J, desenvolveu um tipo específico de lente de contato que permite a prática de atividades esportivas e a leitura em diferentes posições. “Como o astigmatismo acomete um ângulo específico do olho, as lentes no geral usam um peso para se fixarem na posição correta, o que limita a movimentação da cabeça, mas nossa tecnologia de estabilização independe da gravidade”, explica Débora. Este ano, a marca expande seu portfólio para astigmatas com lentes de descarte diário, que facilitam o manuseio.

A outra encrenca que merece destaque pela abrangência é a presbiopia, que atinge nada mais, nada menos do que 100% das pessoas a partir dos 55 anos de idade. É a famosa vista cansada, a dificuldade para ver as coisas de perto que faz com que o braço seja esticado para facilitar a leitura. Parece simples, mas não é. Estatísticas dizem que metade das pessoas que precisariam de óculos para presbiopia não tem acesso a um. Colírios estão em estudo como alternativas ao acessório, mas ampliar o acesso ao tratamento não é só uma questão de avanços em tecnologia. “É uma vergonha não vendermos óculos de leitura sem receita no Brasil. Comparo a ir a um ortopedista para poder comprar um sapato”, afirma Belfort Jr. O assunto dá caldo. Entre os motivos que justificaram a proibição, em 2010, está a má qualidade dos óculos vendidos, que poderia agravar as coisas.

Polêmicas à parte, discutir o envelhecimento da vista é uma questão de saúde pública. “A população está ficando mais velha, e a tendência com o avançar dos anos é termos mais doenças degenerativas oculares”, aponta a oftalmologista Priscila Rim, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Embora o diagnóstico precoce faça diferença aqui, as terapias ainda têm muito a evoluir. “Só 25% dos portadores de degeneração macular relacionada à idade conseguem estabilizar sua progressão”, ilustra Priscila. Avançar nas pesquisas é uma prioridade, ainda mais no mundo pós-Covid. Afinal, foi-se o tempo em que o idoso só precisava enxergar a TV e os netinhos.

– Ilustrações: Marcus Penna (3D) e Letícia Raposo (ícones)/SAÚDE é Vital

No caso da degeneração macular relacionada à idade, se esperam novidades principalmente contra a sua forma seca, a menos grave e mais comum — até 85% dos casos se encaixam nesse tipo. Hoje, os 15% tratáveis são de portadores de degeneração úmida, que se beneficiam de injeções mensais com fármacos anti-VEGF. O medicamento também é usado no combate às doenças relacionadas ao diabetes, em especial a retinopatia diabética. Atualmente, a praticidade é uma barreira no tratamento. “Remédios com duração mais longa, que poderiam ser aplicados em intervalos maiores, estão em fase final de estudos”, conta o oftalmologista Maurício Maia, presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBVR). Outra possibilidade em testes é implantar um dispositivo microscópico que liberaria a medicação aos poucos, exigindo apenas uma cirurgia de troca anual.

Avanços também são vivenciados e esperados no tratamento do glaucoma, que afeta 1,5 milhão de brasileiros e é a principal causa de cegueira irreversível no planeta. Mas seus enigmas talvez sejam hoje os mais desafiadores. Ter a pressão intraocular alta (o principal sinal de alerta para a doença) nem sempre equivale a apresentar lesões no nervo óptico, que transmite as informações captadas pelo olho ao cérebro. Por outro lado, indivíduos com pressão normal podem ter o nervo lesionado. O resultado é uma doença de difícil controle, que evolui silenciosamente. “O paciente deixa de pingar os colírios prescritos por achar que não está piorando”, lamenta o oftalmologista Remo Susanna Jr., professor da Universidade de São Paulo (USP).

Reduzir o uso de colírios com cirurgias pode facilitar a adesão ao tratamento. Em 2019, um estudo publicado no respeitado The Lancet mostrou que ir direto para a trabeculoplastia seletiva, uma intervenção a laser, pode ser melhor em alguns casos do que tentar o colírio antes. “Mas, infelizmente, o acesso a tratamentos a laser ainda é dificultado no país, inclusive pelos convênios”, observa Belfort Jr. Uma pena, pois, quando o dano ao nervo já ocorreu, nada é capaz de revertê-lo. “Temos muitas linhas interessantes de pesquisa, que usam de células-tronco a chips, mas ainda teremos que esperar alguns anos para algumas delas se concretizarem”, conta Susanna Jr. Por isso, o ideal é agir cedo, nos primeiros sinais de degradação do olho. E foi aí que a pandemia veio embolar tudo.

O efeito Covid

A crise sanitária bagunçou consultas e procedimentos oftalmológicos. Além do glaucoma, a situação da catarata, outra causa de cegueira ligada ao envelhecimento, é das mais preocupantes. “Houve uma redução de 50% na realização de cirurgias corretivas na rede pública”, calcula o oftalmologista André Messias, da USP. Com 120 mil novos casos ao ano, o Brasil já tinha um déficit histórico na realização de cirurgias para essa finalidade.

Enquanto esperam, seus portadores acabam impedidos de trabalhar ou tocar outras atividades. E olha que falamos de uma operação simples e de rápida recuperação, que pode ser feita até mais cedo do que se imagina. “Por volta dos 45 anos, o cristalino começa a ficar opaco, o que pode afetar a qualidade de vida. Hoje a régua para operar é a queixa da pessoa”, pontua Messias.

O cenário mais sério, porém, é o dos males por trás da cegueira irreversível. De acordo com o CBO, houve queda de 27% na realização de exames que monitoram e diagnosticam glaucoma, retinopatia diabética, degeneração macular e outras enfermidades pelo SUS em 2020. “E o pior é que, em muitos casos, a pessoa não só deixou de ir ao médico como teve seus tratamentos atrasados”, diz o oftalmologista José Beniz Neto, presidente da entidade, que lançou no ano passado a plataforma Brasil que Enxerga, com médicos voluntários que dão orientações a distância sobre glaucoma.

Falando em telemedicina, a modalidade ainda gera discussões na oftalmologia, que pode exigir exames presenciais e em máquinas específicas. Mas a tecnologia está aí para mudar o enredo. Hoje, em regiões sem especialistas, aparelhos podem ser usados por profissionais de outras disciplinas para enviar informações a oftalmos em centros de referência. Belfort Jr., que começou sua carreira quando nem internet havia, visualiza um futuro em que pacientes vão tirar fotos do fundo do olho com o celular e mandar para o médico e ter acesso a totens de farmácia que, em minutos, dirão se há necessidade de óculos. “Há abordagens promissoras, mas o conservadorismo ainda nos atrapalha muito”, opina. Hora de abrir os olhos!

– Ilustrações: Marcus Penna (3D) e Letícia Raposo (ícones)/SAÚDE é Vital

Para domar a miopia

Nem sempre é possível intervir e estancar o alongamento do globo ocular, mas algumas medidas desaceleram o processo e dão qualidade de vida aos pequenos.

Luz natural: Quanto mais, melhor. Um estudo americano mostra que crianças míopes passam, em média, 3,7 horas a menos ao ar livre por semana.

Cuidado com telas: Intervalos regulares de descanso valem não só para os adultos. Nos mais novos, a moderação é ainda mais importante. Especialmente à noite.

Colírio especial: Quando a miopia progride rápido, na casa de 1 grau a cada seis meses, pode ser o caso de recorrer à atropina, um colírio eficaz, mas com efeitos colaterais.

Óculos e lentes: Eles não eliminam a miopia, mas melhoram muito a vista e a vida da criança. Uma visão prejudicada afeta o desempenho escolar e a vida social.

Mundo sem visão

A cegueira é um assunto pouco discutido pela sociedade, mas os números mostram que não deveria ser assim.

  • 90% das cegueiras ocorrem entre pobres por falta de acesso a especialistas e de políticas públicas
  • 90% dos casos de perda visual são evitáveis ou ao menos tratáveis, uma vez instalados, com cirurgia e óculos
  • 10% exigem tratamento constante, como degeneração macular relacionada à idade e glaucoma
  • 73% dos portadores de visão baixa têm mais de 50 anos de idade, fase em que o olho passa a envelhecer

Originally published at https://saude.abril.com.br.

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