Centro de operações de emergência na COVID-19: a experiência do município do Rio de Janeiro 

Lições aprendidas da pandemia, que servem para o planejamento para a próxima pandemia


Pan American Journal of Public Health

Débora Medeiros de Oliveira e Cruz,1 Luciana Freire de Carvalho,1 Carolina Monteiro da Costa,1 Gislani Mateus Oliveira Aguilar,1 Valéria Saraceni,1 Oswaldo Gonçalves Cruz,2 Betina Durovni,1 Daniel Ricardo Soranz1 e Márcio Henrique de Oliveira Garcia

2022–01–25


O presente artigo descreve a experiência de implantação de um centro de operações de emergência (COE) para coordenação da resposta à pandemia de COVID-19 no município do Rio de Janeiro, Brasil.

Seguindo o modelo de gestão de emergências em saúde pública preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), este centro de caráter temporário (COE COVID-19 RIO) foi ativado em janeiro de 2021.

O relato foi estruturado com base em cinco eixos temáticos: arcabouço legal; estrutura, planos e procedimentos; articulações institucionais; informações em saúde para apoio decisório; e comunicação de risco.


Entre os avanços importantes relacionados ao estabelecimento desta iniciativa, destacaram-se 

  • ganhos em governança para a organização do enfrentamento à COVID-19, 
  • aumento da sinergia entre setores e instituições, 
  • maior compartilhamento de informações em relação às medidas de prevenção e controle da doença, 
  • inovação nas análises epidemiológicas e 
  • ganhos na transparência e oportunidade na tomada de decisões.

Concluiu-se que, mesmo sendo concebido em estágio avançado da pandemia na cidade, o COE COVID-19 RIO teve papel relevante na estruturação da resposta.

Ainda, apesar do caráter temporário do COE, a experiência mostrou-se como importante legado para a condução de futuras emergências em saúde pública no município do Rio de Janeiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia de COVID-19 constitui-se como a maior emergência sanitária já enfrentada undialmente, tanto pelas incertezas de uma nova doença de transmissão respiratória quanto pelas vulnerabilidades e desigualdades apresentadas pelos diferentes territórios.

Esse cenário requer mudanças no processo de trabalho rotineiro, exigindo uma resposta unificada, coordenada e de comando único.


O planejamento do COE COVID-19 RIO envolveu organização de recursos humanos e físicos; atenção a aspectos chaves para a garantia de governança da resposta, como a identificação de especialistas para apoio consultivo; delineamento de um plano de ação com o detalhamento da operação pretendida; e a organização de um plano de contingência, em consonância com
o modelo preconizado pela OMS.

Da experiência de implantação desse modelo, ressalta-se a sinergia alcançada a partir das articulações entre diferentes áreas técnicas — fomentadas pela existência do COE — e que
se refletiram em avanços na vigilância da doença, a exemplo das investigações de surtos e a implementação da vigilância genômica na cidade.

Reitera-se a identificação de potencialidades nos conjuntos de dados advindos das unidades de urgência e emergência, que ofereceu maior oportunidade na captação da demanda dos serviços de saúde da cidade e, consequentemente, na tomada de decisão pelos gestores.

A coordenação das ações, a partir da implantação do COE COVID-19 RIO, fomentou integração entre as áreas técnicas, inovação nas análises epidemiológicas apoiadas em fontes de
informação complementares, parcerias institucionais e transparência sobre as medidas adotadas.

Por fim, destaca-se a potência dessa metodologia de gestão como um legado para resposta a
futuras emergências em saúde pública no município do Rio de Janeiro.

Abstract

The present report describes the implementation of an emergency operations center to coordinate the response to the COVID-19 pandemic in the municipality of Rio de Janeiro, Brazil. 

Following the public health emergency management framework proposed by the World Health Organization (WHO), this temporary center (COE COVID-19 RIO) started operating in January 2021. 

The report is organized along five themes: legal framework; structure, planning, and procedures; institutional articulation; health information for decision-making; and risk communication. 

Major advances obtained with the initiative include improvements in governance for the management of COVID-19, increase in the synergy among sectors and institutions, improved information sharing in relation to COVID-19 prevention and control measures, innovation in epidemiologic analyses, and gains in transparency and decision-making opportunities. 

In conclusion, even if conceived at an advanced stage of the pandemic in the municipality of Rio de Janeiro, the COE COVID-19 RIO has played a relevant role in shaping the city’s responses to the pandemic. 

lso, despite its temporary character, the experience will leave a lasting legacy for the management of future public health emergencies in the municipality of Rio de Janeiro.


Como citar

Oliveira e Cruz DM, Carvalho LF, Costa CM, Aguilar GMO, Saraceni V, Cruz OG, et al. Centro de operações de emergência na COVID-19: a experiência do município do Rio de Janeiro. Rev Panam Salud Publica. 2022;46:e9. https://doi.org/10.26633/RPSP.2022.9


Originally published at https://iris.paho.org/handle/10665.2/55669


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