Estudo estima redução de 600 mil atendimentos psiquiátricos via SUS na pandemia


Setor Saúde
Felipe Ornell; Wyllians Vendramini Borelli; Daniela Benzano; Jaqueline Bohrer Schuch; Helena Ferreira Moura; Anne Orgler Sordi; Felix Henrique Paim Kessler; Juliana Nichterwitz Scherer; Lisia von Diemen
9 de Setembro de 2021


A equipe do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas (Cpad) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) realizou investigação sobre o impacto da pandemia da Covid-19 no acesso aos serviços de saúde mental no Brasil. 

Os pesquisadores compararam a média de atendimentos ambulatoriais e hospitalares registrados no SUS de 2016 a 2020, com a expectativa prevista caso não houvesse a pandemia.

  • Os resultados demonstram que os atendimentos tiveram redução de 28% nas consultas ambulatoriais 
  • e de 33% nas hospitalizações psiquiátricas. 

Em conjunto, isso significa que mais de 600 mil atendimentos podem não ter sido realizados. 

  • Além disso, em modalidades como os grupos terapêuticos (importantes no tratamento de pacientes crônicos) o impacto foi ainda maior, na ordem de 68%. 

Apesar dos atendimentos de Emergência e domiciliares terem sido superiores ao estimado, respectivamente 36% e 52%, o aumento bruto é inferior a 20 mil consultas, insuficiente para compensar a queda geral.

Conforme o pesquisador Felipe Ornell, os resultados são preocupantes e podem levar à sobrecarga do sistema de saúde mental no futuro. 

Durante a pandemia diversos estudos evidenciaram o surgimento e o agravamento de condições psiquiátricas. 

Somando isso à redução da assistência, é possível que a crise de saúde mental seja agravada, gerando uma pandemia paralela, com impactos econômicos e sociais que podem ser mais duradouros do que a pandemia do coronavírus”, ressalta.

… os resultados são preocupantes e podem levar à sobrecarga do sistema de saúde mental no futuro.

O estudo The next pandemic: impact of COVID-19 in mental healthcare assistance in a nationwide epidemiological study, de autoria Felipe Ornell, Wyllians Vendramini Borelli, Daniela Benzano, Jaqueline Bohrer Schuch, Helena Ferreira Moura e Anne Orgler Sordi, entre outros, foi publicado no The Lancet Regional Health Americas e contou com financiamento da Capes.


Impacto da pandemia

A linha azul representa o número esperado de consultas de acordo com a previsão, que se baseia em dados de meses anteriores (janeiro de 2016 a março 2020)


Originally published at https://setorsaude.com.br.


https://www.thelancet.com/journals/lanam/article/PIIS2667-193X(21)00057-0/fulltext


PDF version

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=https%3A%2F%2Fwww.thelancet.com%2Faction%2FshowPdf%3Fpii%3DS2667-193X%252821%252900057-0&clen=512408

Abstract

Background


Studies have reported the worsening of psychiatric symptoms during the COVID-19 pandemic. However, few studies have evaluated the impact on the access to mental health services during COVID-19. Our aim was to analyze temporal trends and prediction of appointments held in Brazil’s public health system, to compare the observed and expected number of mental healthcare appointments during the COVID-19 pandemics.

Methods

An ecological time-series study was performed, analyzing mental health appointments before and during the pandemic (from 2016 and 2020) from the Brazilian governmental database. The structural break in the data series was assessed using the Chow test, with the break considered in March 2020. Bayesian structural time-series models were used to estimate current average appointments and the predicted expectation if there was no pandemic.

Findings

Compared to the expected, between March and August 2020 about 28% less outpatient appointments in mental health were observed, totaling 471,448 individuals with suspended assistance. Group appointments and psychiatric hospitalizations were also severely impacted by the pandemic (decreased of 68% and 33%, respectively). On the other hand, mental health emergency consultations and home care increased during this period (36% and 52%, respectively).

Interpretation

Our findings demonstrate a dramatic change in mental health assistance during the COVID-19 pandemic, which corroborates a recent WHO survey. This phenomenon can aggravate the mental health crisis and generate a parallel pandemic that may last for a longer time than the COVID-19 pandemic.

Funding

This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior — Brasil (CAPES) — Finance Code 001.

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