59% dos médicos pretendem utilizar a teleconsulta como uma forma de atendimento aos seus pacientes após a pandemia.
Associação Médica Brasileira
Dr César E. Fernandes, Jefferson G.Fernandes, Dr Antonio C. Endrigo
24 DE NOVEMBRO DE 2021
Key messages (summarized by the Editor of the Blog)
- 66,1% dos pesquisados acham que o médico deve ter autonomia para decidir se a primeira consulta pode ser virtual e
33,9% acham que a primeira consulta tem que obrigatoriamente ser presencial; - 62,0% acham que a prática da teleconsulta não deve ser limitada ao Estado onde o médico possui registro no Conselho Regional de Medicina;
- 78,6% acham que deve ter o mesmo valor da consulta presencial,
11,8% deve ser maior que o valor da consulta presencial e
9,6% deve ser menor que o valor da consulta presencial. - 59,2% médicos pretendem utilizar a teleconsulta como uma forma de atendimento aos seus pacientes após a pandemia.
- 92,1% dos médicos acham que na prática médica a teleconsulta vai continuar a ser praticada, com
60,9% opinando que vai apenas diminuir de volume
e 39,1%, aumentar de volume.
Os resultados acima mostram claramente, principalmente se compararmos com pesquisas realizadas antes da pandemia, que a medida em que os médicos e pacientes passaram a usar a teleconsulta, movidos principalmente pelas orientações sanitárias de combate à disseminação da Covid-19, foram conhecendo os benefícios que este método de cuidado traz e ampliando a sua utilização.
É importante ressaltar que a teleconsulta é um método complementar aos cuidados presenciais. Os médicos precisam conhecer também suas limitações e serem capacitados para sua boa prática. Entretanto a autonomia do profissional médico em decidir sobre uma consulta virtual, seja uma primeira consulta ou não, e autonomia das pessoas em desejar e aceitar a teleconsulta, precisam ser respeitadas. Se um dos dois não quiser, a consulta virtual não acontecerá.
Esta pesquisa mostra que a maioria dos médicos entende que deve ter autonomia para decidir se uma primeira consulta deve ou não ser feita de forma virtual. Da mesma forma, em um país continental como o Brasil, com enormes vazios assistenciais, não é correto restringir o acesso somente entre médicos e pacientes que estejam no mesmo Estado. Projetos nacionais atuais de telemedicina do próprio SUS serão comprometidos se esta restrição surgir um uma lei ou regulamentação. Seguindo os princípios bioéticos fundamentais de autonomia beneficência, não-maleficência e justiça, o cidadão e a população brasileira têm que ser colocados em primeiro lugar!
Versão publicada no site da AMB
O surgimento da pandemia da COVID-19 e a autorização, da teleconsulta, primeiro pelo Ministério da Saúde, através da Portaria 476, de 20 março de 2020 e, depois, pela Lei 13.989, de 15 de abril do mesmo ano, trouxe um crescimento exponencial da prática da telemedicina e, principalmente, da teleconsulta no Brasil.
Sendo um dos poucos países onde a teleconsulta (médico atendendo diretamente o paciente através de uma plataforma on-line) não era autorizada por seu Conselho Federal de Medicina, as autorizações acima permitiram a utilização destes métodos de cuidados à saúde (e doença), tanto para pessoas do sistema público de saúde como do sistema suplementar (“privado”).
Atualmente, são realizadas milhares de teleconsultas diárias no país, trazendo os benefícios já há muito conhecidos mundo afora. Entre eles estão o maior acesso das pessoas aos médicos e serviços de saúde, maior resolutividade dos problemas de saúde, melhor coordenação do cuidado e organização dos sistemas de saúde. A prática responsável da telemedicina (com segurança, ética e qualidade) tem trazido satisfação tanto aos pacientes quanto aos médicos que a utilizam.
Com o objetivo de captar a percepção dos médicos sobre a prática da telemedicina, principalmente da teleconsulta, a Associação Médica Brasileira (AMB) realizou pesquisa entre os seus associados, nos meses de abril e maio de 2021. 978 médicos, em todo o Brasil, responderam ao questionário on-line (Survey Monkey) cujos resultados são os que seguem.
Faixa etária:
As idades variaram entre 25 e 85 anos, com uma média de 55 anos.
Gênero:
A predominância foi do sexo masculino: 63%.
Região de atuação profissional:
A maioria dos médicos são da região Sudeste, representada por 71,8% dos respondentes, sendo que 48,6% destes atuam no estado de São Paulo.
Tempo de formado e especialidade:
A maioria dos médicos respondentes são formados de 31 a 40 anos (26%) e da especialidade de clínica médica (63%).
Originally published at https://amb.org.br on November 24, 2021.